domingo, 25 de novembro de 2007

Sintra

Sintra conhecida como Suntria
segundo a mais antiga forma medieval,
aponta para o radical indo-europeu :
"Astro luminoso" , "Sol".



Em 1992, a UNESCO, alargou as categorias do Património Mundial e acrescentou a de Paisagem Cultural, é neste contexto que Sintra foi classificada como Património Mundial no âmbito da Categoria Paisagem Cultural, pois esta abrange o nosso mais significativo conjunto patrimonial quer monumental, quer natural, incluindo vasta parte da Serra e do Centro Histórico.



Lista dos Valores Fundamentais constantes na área classificada como Património Mundial - Paisagem Cultural



Parques e Manchas Florestais



  • Parque da Pena;
  • Parque de Monsarrete;
  • Manchas Florestais da Serra;

Centro Histórico

  • Vila Velha de Sintra;

Arquietectura Áulica


  • Paço Real de Sintra;
  • Palácio da Pena;
  • Chalet da Condessa d'Edla;
  • Palácio de Monsarrete;
  • Quinta da Penha Verde;
  • Paço dos Ribafrias;
  • Palácio dos Seteais;
  • Quinta da Regaleira;
  • Chalet Biester;
  • Quinta do Relógio;
  • Quinta dos Pisões;

  • Quinta do Saldanha;
  • Quinta da Amizade;

Arquitectura Militar

  • Castelo dos Mouros;

Arquitectura Religiosa


  • Convento Hieronimita de Nossa Senhora da Pena;
  • Convento Trino de Arrabalde;
  • Convento Carmelita da Eugaria;
  • Convento de santa Cruz dos Capuchos;
  • Antiga Igreja Paroquial de São Pedro de Canaferrim;
  • Igreja Paroquial de Santa Maria;
  • Antiga Igreja Paroquial de São Miguel;
  • Igreja Paroquial de São Martinho;
  • Igreja de Nossa senhora da Mesericórdia;
  • Capela do Espirito Santo, Paço Real de Sintra;
  • Capela de Santa Catarina, Penha Verde;
  • Capela de Nossa Senhora do Monte, Penha Verde;
  • Capela de São João Baptista, Penha Verde;
  • Capela de São Brás, Penha Verde;
  • Capela da Quinta do Saldanha;
  • Capela da Santissima Trindade, Regaleira;
  • Ermida de Nossa senhora da Piedade;

Monumentos e Vestigios Arqueológicos


  • Povoado Neolítico de São Pedro de Canaferrim;
  • Povoado Neolítico/ Calcolítico da rua das Padarias, "Vila Velha" de Sintra;
  • Povoado Calcolitico da Penha Verde;
  • Tholos da Bela Vista;
  • Povoado da Idade do Bronze do castelo dos Mouros;

  • Depósitos da Idade do Bronze do Monte do Sereno;
  • Estação romana da Vila de Sintra e possível Via e Necrópole Romanas da Rua da Ferraria;

  • Necrópole Medieval da Antiga Igreja Paroquial de São Pedro de Canaferrim;
  • Necrópole Medieval da Igreja Paroquial de Santa Maria;
  • Necrópole Medieval de Nossa Senhora de Milides;

Sintra e a sua história

No contexto de natureza, arquitectura e ocupação humana, Sintra, o seu termo e a Serra formam uma unidade que ainda hoje se considera única, na História Portuguesa. Este facto fundamenta-se, por um lado pelo exuberante património natural - sobretudo orográfico que atribui a Sintra a característica de "micro-clima", e por outro lado a continua ocupação humana que teve inicio a vastos milénios. Esta ocupação humana deve-se essencialmente aos seguintes aspectos:

  • Clima muito peculiar;
  • Fertilidade das terras;
  • Relativa proximidade ao estuário do Tejo;
  • Proximidade á capital - Lisboa.

Embora o património contruído e natural sejam as faces mais visíveis da individualidade histórica de Sintra, existe claramente um património literário que transformou este território numa referencia quase lendária.

No contexto histórico é importante salientar o dia 9 de Janeiro de 1154, no qual D. Afonso Henriques outorga a Carta de Foral a Sintra com as respectivas regalias. Esta carta estabelece o concelho de Sintra, cujo o termo passa a abranger um vasto território, pouco mais tarde dividido em quatro freguesias: São Pedro de Canaferrim, São Martinho, Santa Maria e São Miguel.

Um acontecimento importante foi também o terramoto de 1755, que causou muitos estragos na vila de Sintra, inúmeros imóveis ficaram destruídos. Á semelhança da cidade de Lisboa foi necessário proceder a reconstrução da vila.

Alguns acontecimentos marcantes da reconstrução:

  • 1778: Fundação da primeira unidade industrial - Fábrica de Estamparia de Rio de Mouro;
  • 1854: Celebração do primeiro contrato para a construção de um caminho de ferro entre Sintra e Lisboa;
  • 1887: inauguração do caminho de ferro;
  • 1914: Criação da Associação Comercial e Industria de Sintra. Nesse mesmo ano em nome de um progresso laico e popular cometeram-se alguns atentados ao património cultural, como foi o caso da demolição dos anexos medievais fronteiros ao Paço da Vila, ou a amputação da nave da secular igreja da Mesericórdia;

Os primeiros decénios do século XX, traduzem para Sintra época mais "urbana" apoiada na rapidez do caminho-de-ferro entre a Vila e Lisboa que vulgariza o costume de "ir a Sintra."

Abordagem aos valores presentes na área classificada

Parques e Manchas Florestais

Parque da Pena:

O Parque da Pena localiza-se na Serra de Sintra, freguesia de São Pedro de Penaferrim. O Parque da Pena começou a ser plantado em 1840, por iniciativa do rei D.Fernando II. No Parque foram abertos muitos arruamentos e edificadas algumas construções e lagos. Nas zonas mais elevadas entre Santa Eufémia e a Cruz Alta, ainda existem restos da vegetação primitiva da Serra com grande abundância de carvalhos, cedros e pinheiros bravos. No entanto nas zonas mais baixas com maior facilidade de irrigação, foram construídos jardins. Os mais destacados são os da entrada, o jardim da Fonte dos Passarinhos,Lagos, Vale dos Fetos, jardim das Camelias e finalmente o Jardim Inglês e o Jardim da Feteira da Condessa, ao centro do qual se ergue o Chalet no qual a mulher de D. Fernando II, se gostava de de retirar.

O actual estado de conservação do parque é mau, o agente responsável pela preservação/conservação do parque é o Parque Natural de Sintra-Cascais.











Parque e Palácio de Monserrate

Parque de Monserrate


O parque de Monserrate localiza-se na Estrada Nova da Rainha, freguesia de São Martinho.

O parque de Monserrate situa-se na aba da Serra de Sintra, e ocupa uma área de cerca de 50 hectares. o seu nome deriva de uma ermida construída neste local em 1540 pelo sacerdote Gaspar Preto, após uma peregrinação que fez ao santuário de Nossa Senhora de Monserrate na Catalunha.
A predominância de espécies sub -tropicais, fizeram com que o parque fosse considerado um dos mais notáveis jardins exóticos do mundo.
O parque beneficia de um complexo sistema de rega que engloba várias dezenas de nascentes, minas de água e ainda três barragens para armazenamento dessa água.
O actual estado de conservação do parque é mau, o agente responsável pela preservação e conservação do parque é o Parque Natural de Sintra-Cascais.

Entre 1950 e 1992, o parque foi objecto de obras de manutenção e conservação:

1950-54: Instalação de bocas de incêndio, reparação das canalizações e restauro da estufa;

1958: Arranjo dos jardins;

1992: Reabilitação do edifício da portaria e de duas casas do guarda; colocação de dois portões de acesso ao parque;

Contudo continuam a ser implantados planos de gestão para a conservação/preservação do parque: supervisionamento do trabalho de limpeza, reflorestação e recuperação deste parque.








Palácio de Monserrate

A história de Monserrate, remonta a uma data longínqua e desconhecida, no entanto pensasse que este teve o seu inicio, no facto do Monge Gaspar Preto, aí ter feito reconstruir uma capela, aquando da sua peregrinação ao Santuário de Nossa Senhora de Monserrate, em Barcelona.

Mais tarde a capela passa para a posse do Hospital de Todos-os-Santos de Lisboa, que por sua vez cede a posse a um fidalgo da família Melo e Castro. O terramoto de 1755, causou grandes estragos na propriedade,o que agravou o seu estado até ao fim do século. De forma a arrendar utilmente a propriedade e também de forma a promover a sua conservação, Francisca Melo e Castro arrenda o prédio a Gerard Devisme.

Então actualmente o palácio situa-se na estrada Nova da Rainha, freguesia de São Martinho. Este foi mandado erguer por Francis Cook, entre 1860 e 1863 e corresponde a um outro palácio que o primeiro arrendatário da Quinta, Gerarad Devisme, aí mandara construir. O Palácio faz conjunto com um extenso e exótico jardim. O arquitecto criou um novo formulário estético exterior que se prolonga para o interior, que abrigava "móveis riquíssimos" tais como:

  • Espelhos de Veneza;
  • Tapetes Persas;
  • Vasos do Japão;
  • Loiça de Saxe e de Sévres;
  • Móveis da Índia;
  • Cadeira em Tartaruga;

A planta do Palácio ordena-se em torno de uma galeria interior que liga os dois torreões e é interrompida a meio por um átrio hexagonal que estabelece por sua vez a ligação com as fachadas Norte e Sul.

Apesar de ter sido construído, baseado numa arquitectura estrangeira, Monserrate não deixou de suscitar a imaginação dos arquitectos portugueses.

O actua estado de conservação diverge do interior pra o exterior, por dentro é medíocre, contudo por fora é razoável, o responsável pela sua preservação é Instituto Português do Património Arquitectónico.

No entanto foram efectuados vários trabalhos de recuperação entre 1950 e 1986.

Povoamentos Florestais da Serra
A Serra de Sintra engloba as freguesias: Colares, São Martinho e São Pedro de Penaferrim.
A Serra com o seu arvoredo, as suas quintas e palácios, a sua riqueza botânica e os seus amplos horizontes e belas paisagens formam sem dúvida um dos conjuntos mais valiosos do património florestal nacional. Esta fica situada junto ao litoral o que lhe proporciona um clima temperado e húmido, favorável ao desenvolvimento da floresta.
Infelizmente a partir de 1966, a Serra de Sintra tem sido alvo de incêndios, que provocaram a destruição de parte da sua floresta original. A Serra tem cerca de 5000 hectares.
O estado de conservação é regular, esta está sobre a responsabilidade da Direcção Geral de Florestas - núcleo Florestal de Sintra.
Contudo tem sido implantados planos de gestão, exemplo disso foi o projecto de rearborização, após o incêndio de 1989, os objectivos deste plano são bastante claros:
  • Recuperar o coberto florestal natural;
  • Fiscalizar as espécies exóticas e infestantes;
  • Abreviar a sensibilidade da vegetação ao fogo;
  • Valorizar a paisagem;
  • Aperfeiçoar o acolhimento ao público;

Este trabalho agora iniciado só atingirá plenamente os seus objectivos, entre 30 a 50 anos, conforme o desenvolvimento das espécies.

Centro Histórico de Sintra - " Vila Velha"

Memória Descritiva

O Centro Histórico de Sintra, situado na freguesia de S. Martinho, inclui a chamada Vila Velha, um dos núcleos que constituem o aglomerado urbano de Sintra.

Este foi propositadamente construído numa zona de menor declive, na base da Serra, a vila desenrola-se entre o Palácio Nacional, e a própria Serra, tentando sempre de alguma forma adaptar-se aos declives e á morfologia dos terrenos.

E constituída por uma vasta praça pública, que organiza o tecido urbano, pois e lá que se converge a principal estrutura viária da vila. No entanto existem pequenas praças cujo seu traçado é irregular e espontâneo.

O núcleo mais antigo conserva um traçado relativamente homogéneo, sem grandes alterações. è constituído por um parcelamento pequeno e irregular, é densamente ocupado. À medida em que caminhamos em direcção á periferia, modifica-se o tecido urbano, com ruas mais largas e menos onduladas, tornando assim o parcelamento maior e mais regular. As casas por sua vez ganham em dimensão e tem tendência a recolherem-se para o interior de propriedades mais amplas.

A vila velha apresenta coerência arquitectónica, que é conferida pelo ritmo das fachadas e dos vãos, pela contenção volumétrica e pela homogeneidade dos revestimentos.
a maioria dos edifícios são caracterizados por processos construtivos, gamas cromáticas e texturas tradicionais.è de notar que geralmente os revestimentos imitam a pedra ou o tijolo.
A população que lá reside é maioritariamente de uma faixa etária mais idosa, sem grandes recursos financeiros.

Muitas ruas são revestidas de calçada, algumas bastante antigas, que variam de natureza, textura, dimensão ou modo de aplicação de acordo com a época em que foram construídas.

O saneamento básico, não corresponde as necessidades actuais, sendo efectuado através de uma rede de abastecimento de água e de uma rede de esgotos, doméstica e pluvial. Não sendo suficiente, as redes de distribuição de energia eléctrica, telecomunicações e de iluminação pública também não correspondem a necessidades actuais.
A iluminação publica é feita através de candeeiros colocados nas fachadas.




Memória Histórica .
É na Vila Velha que e concentram, ate aos inícios do nosso século, as estruturas administrativas mais importantes do concelho (religiosas, politicas e sociais).
Do ponto de vista urbanístico a Vila desenvolve-se durante a época muçulmana. O tecido urbano, na idade média é condicionado pelas principais vias de acesso, que convergem para o centro da vila. Caracterizam-se pela sua relativa amplitude e pela menor irregularidade de traçado. Formam um conjunto urbanisticamente coeso, que se desenvolve numa malha urbana irregular.
Nesta época a cidade estava dividida em quarteirões e credos, exemplo disso são as áreas reservadas aos judeus.No século XVI, Sintra foi visitada por inumeros artistas e humanistas que reflectem o prestigio de uma corte grandiosa e culta.No século XVII, o interesse dessa corte desloca-se para outras terras - Mafra e Queluz, ficando relativamente esquecida a Vila Velha, contudo o surto construtivo em Sintra é orientado em direcção á Serra.
A evolução normal da Vila é perturbada pelo terramoto de 1755, pelo que é inevitável á semelhança da capital - Lisboa, proceder á reconstrução de grande parte da Vila.
Durante o século XIX, Sintra vive um período de apogeu, com a visita de numerosos viajantes que trazem consigo ideais romântico.
Foi também neste século que se fez o primeiro levantamento topográfico cadastral da vila, verificando-se pela análise da planta que a Vila se desenvolve em direcção á periferia. Assiste-se assim, á abertura de novos arruamentos, construção de novos quarteirões. No entanto na segunda metade do século XIX, Sintra adquire um estatuto de vila burguesa essencialmente dedicada aos prazeres da vida e ao ócio.
Em relação ao estado de Preservação/Conservação da Vila Velha de Sintra, na generalidade está em bom estado. O tecido urbano preserva as suas características originais, tal como a maioria dos imóveis.
Quanto aos espaços públicos encontram-se preservados apesar de necessitarem de uma obras de conservação. A câmara Municipal de Sintra é responsável pela administração e financiamento das obras de preservação e conservação.No entanto para os monumentos classificados existentes nessa área, estão sob a responsabilidade do Instituto Português do Património Arquitectónico











Arquitectura Aulica

Paço Real de Sintra


O Paço Real de Sintra situa-se no Largo da Rainha D.Amélia, Sintra, freguesia de São Martinho. Este constitui sem duvida o principal conjunto arquitectónico sintrense. Trata-se de um conjunto que não foi concebido de uma só vez e numa só época, mas sim do somatório de partes distintas, pouco a pouco acrescentadas a outras existentes.
A irregularidade e o alcantilado do próprio terreno, condicionaram-lhe o jogo de volumes, não permitindo soluções de simetria, nem irregularidades de implantação.

A tradição que pretendia ver no Palácio Real, uma original criação coesa do domínio muçulmano, ainda com acrescentos posteriores, está hoje completamente posta de parte.

No entanto, tudo o que ali podemos observar não remonta para lá dos século XV. O Paço Real na sua actual expressão revela-se sobretudo como o somatório de duas grandes campanhas de obras. a primeira relativa á fundação, em inícios do século XV e a segunda em inícios do século XVI.

O Paço Real surge-nos hoje, pois como uma extraordinária e majestosa fusão entre a tradição artística e arquitectónica da Europa medieval e a do Islão, síntese que apenas em território peninsular seria possível verificar-se, nomeadamente durante os nossos séculos de maior esplendor, que foram precisamente XV e XVI.




Principais zonas do Palácio:




  • " Sala dos cisnes" ou dos "infantes";


  • " Pátio dos cisnes";


  • " Sala das Pegas";


  • " Sala das Sereias";


  • " Câmara do ouro";


  • " Sala de César";


  • " Sala da Coroa";

  • " Sala das Galés";


  • " Pátio da Carranca";

  • " Sala dos Árabes";


  • " Sala dos Brasões";

  • " Jardim da Preta";


O actual estado de conservação deste imóvel ainda é bom/razoável. Entre 1922 até cerca de 1995 foram feitas obras de recuperação e conservação do Palácio.